O Grivo

Excêntrico

Excêntrico  / 2015

(Motores, rolos de filme, linha, fio de silicone, polias, rodas de madeira, suportes de madeira para eixos, eixos de aço inox, etc. Dimensões variadas)

 

# Descrição / Espaço

Em Excêntrico, vários caminhos são delimitados por linhas. As linhas, além de delimitar o espaço, tem a função das correias. São elas que movem as diversas engrenagens. Os caminhos, o espaço livre entre as linhas, conduzem desta forma as pessoas por uma espécie de labirinto. A proposta é a de brincar com os impedimentos, criando obstáculos para a passagem do público.

# Descrição / Som

As linhas envolvem as pessoas em vários níveis, abaixo, plano médio, pelo alto, de forma que os sons, como em um ambiente de cidade, venham de todos os lados.

O som é composto por dois estratos sonoros. O primeiro é acústico e funciona à medida que as pessoas se aproximam das fontes sonoras, o segundo é amplificado por meio de captadores de som e cria um ambiente sonoro em todo o espaço expositivo.

Na engrenagem os eixos estão, fora do centro da roda. Desta maneira, quando a roda se movimenta, o giro cria um movimento na linha, uma espécie de balanço. Com a movimentação da linha, obtemos diferentes padrões rítmicos em cada engrenagem. O som é fruto da raspagem desta linha em diversas madeiras, cartolinas, cortiças, que amplificado é ligeiramente transformado por filtros, equalizadores, sintetizadores, etc.

# Sentidos / Intenções

Do ponto de vista do espaço há uma alteração de escala que permite uma imersão no trabalho. é como se pudesse colocar o visitante dentro de uma máquina sonora. A partir daí, seu deslocamento (comandado por sua curiosidade, afinidade, experiência, etc) interfere diretamente na fruição do trabalho. A atenção pode se dirigir para os percursos possíveis, para os detalhes da construção (na medida em que pode se aproximar de cada engrenagem), para partes do conjunto, para relação do trabalho com a sala, nos desenhos e cortes que a linhas criam, e outras tantas variantes. Uma espécie de labirinto que convida a um espaço intrincado. Entretanto este labirinto provoca um deslocamento cuidadoso. É um ambiente inóspito à velocidade ou à desatenção (o risco de não estar vendo uma linha, ou tocar uma polia é grande demais). Com isso provoca-se uma alteração da sensação do tempo… E aí se estabelece fisicamente mesmo o convite pra escuta. A música, ou sonoridade para os mais ortodoxos, que a grande máquina produz é constituído de variações de um mesmo material sonoro. Uma linha que faz atrito numa folha de madeira. As variações, que pra uma escuta apressada poderiam parecer mínimas, se tornam imensas neste andamento curioso. Casa folha de madeira produz sons diferentes, seja por motivos físicos (espessura, tamanho, densidade) seja por conta de transformações eletrônicas sutis a que são submetidos os sons captados. Além disso, há um conjunto de linhas/folhas produzindo sons num ritmo quase infinitamente mutável. Por fim, a aproximação ou distanciamento do visitante é mais um “mecanismo” de alteração radical da escuta. A peça tem o nome de Excêntrico por conta das polias que furadas fora do centro permitem a alteração rítmica do contato das linhas com as folhas de madeira, mas também por aludir a este tempo que a percepção e a curiosidade precisam pra tomarem conta de nós.